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GESTÃO FINANCEIRA A DOR DO EMPREENDEDOR

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Por: Elaine Julião, especialista em marketing e empreendedorismo e CEO da Empreenda Revista

Como empreendedora confesso, aqui, que já tive essa dor de fazer a gestão financeira. No início nossos sonhos são tão empolgantes que abrimos mão de qualquer “tempo” gasto no controle da empresa e vamos para execução. Isso é um dos nossos maiores erros. A nossa fé inabalável de que vai dar certo, muitas vezes nos coloca em situações muito desagradáveis.

Aprendi errando, e tenho certeza de que por mais que não cometa os erros passados, cometerei outros, é uma jornada bem desafiadora, mas, agora, eu tenho comigo que empresa saudável é empresa com limites.

Por muito tempo abri mão de fazer retiradas fixas da empresa, sobrevivi com o que era extremamente necessário para comer e vestir, abri mão de carro, de viagens, para poder criar uma estrutura forte. Foi muito difícil, na verdade, em alguns momentos era desesperador. Consegui, depois de dois anos, fazer com que a empresa passasse a ter um fôlego financeiro e comecei a receber o salário pelo meu trabalho.

Eu precisei fazer isso em função de fechar parcerias erradas, contratei serviços que eram desnecessários, investi meu fluxo de caixa em algo que naquele momento não era preciso. Não fiz gestão financeira, comprometi um capital que ainda iria ser ganho, o problema é que clientes cancelam contratos, parceiros desfazem as parceiras, nem sempre o caixa futuro vai ser concretizado.

Fazer gestão financeira não é sobre o dinheiro que se ganha somente, é sobre o dinheiro que se gasta, sobre o dinheiro que se pretende investir, sobre o retorno que o dinheiro investido precisa trazer. Não é necessário ter um sistema incrível para essa gestão, uma planilha em Excel, ou até mesmo um caderno onde você anote tudo já te ajuda a ter clareza de como está a saúde financeira do seu negócio.

Aliás, clareza é essencial para o seu negócio, pois ela te ajuda a não fechar contratos desnecessários que comprometam seu capital.

Uma vez, fui buscar o querido Robinson Shiba, para palestrar na cidade de Santo André em um evento organizado por nós. Na ocasião fui com um carro simples, sem ar condicionado, era o que eu podia ter naquele momento, pedi mil desculpas e prometi que em uma próxima vez iria com um carro melhor, ele me disse a algo que nunca mais vou esquecer: “Elaine, empresa rica, dono pobre, não se preocupe com carro”. Ali, entendi que estava no caminho certo, todo meu esforço de tempo e financeiro iriam valer a pena.

Muitos de nós começam a empreender sem ter nenhuma base de como gerir uma empresa, temos uma ideia, um sonho, não temos ciência de obrigações tributárias, trabalhistas, plano de negócios, vendas, marketing, entre outros, o que temos é uma causa e um propósito e isso para nós no primeiro momento basta.

O resultado é que sem uma base, somos surpreendidos com novos problemas por falta de planejamento, mas que eram bem previsíveis. Por incrível que possa parecer, nosso otimismo de empreendedor novato não nos permite antever esses obstáculos.

Quando criei a revista, tinha em mente entregar um conteúdo aplicável que nos ajudasse nessa jornada, elementos como criatividade, inovação, direito, contabilidade, vendas, marketing, gestão, tudo escrito por pessoas que vivem esse universo. Nossa jornada é muito solitária, precisamos nos dividir entre administrador, comercial e o fazedor. Por isso, muitas vezes nos falta tempo para a capacitação e poder contar com um conteúdo de leitura fácil, que nos mova é muito importante, essa é minha causa, mover pessoas para que elas não desistam ao longo da jornada. 

Aprendi a gerir o capital da empresa, aplicando técnicas simples, mas muito eficazes.

  1. Anote todas as entradas e saídas, TODAS, até o cafezinho. 
  2. Agrupe as despesas por centros de custos, exemplo: tudo o que sair do caixa que for para pagar algo relacionado a sua estrutura, aluguel, água, luz, telefone, internet, você deverá classificar como despesas operacionais, assim terá uma ideia do que precisa pagar mensalmente mesmo que não venda um único item do seu estoque.
  3. Do lucro que a empresa alcançar durante o mês, reserve no mínimo 15% para um caixa de emergência ou capital de giro, e lembre-se, esse caixa é para suprir necessidades como: atraso de clientes, multas que você não estava esperando, entre outros.
  4. Se possível, reinvista 30% do faturamento em seu negócio, principalmente se for para deixá-lo mais competitivo, mas lembre-se de estudar muito bem o mercado para que não faça compromissos financeiros que não poderá cumprir.
  5. Tenha um estoque organizado e sob controle. Eu mesma já entrei em desespero muitas vezes por não ter esse controle. Ver seu estoque ali parado é a mesma coisa de ver um dinheiro mal investido. 

Essas 5 dicas, você pode fazer em uma planilha Excel, ou pode usar algum sistema gratuito de gestão financeira, é possível encontrar muitos na internet. Dedique pelo menos 30 minutos do seu dia para cuidar da gestão financeira, isso fará toda a diferença no acompanhamento do seu negócio.

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